terça-feira, 28 de abril de 2009

Ao mar


Fui caminhar. A muito custo ela me arrastou para a orla. Sei que ela tinha que andar, ordens médicas, mas insisti pelo ônibus. Chegamos ao mar, sentamos, e o calor infernal nos fez escolher a mais gelada do cardápio. Entre cheiros e tentações ambulantes, escolhemos o acarajé... daí em diante foram os bolinhos e toda aquela diversidade calórica à disposição nas praias. Sua dieta foi embora com a terceira onda e o cheiro do azeite. Eu não me importava muito, já tinha saído de casa num sol infernal, não seria justo ter que ficar sem comer também.
O astro rei nos cozinhava, parecíamos dois camarões ao alho e óleo, mesmo protegidas pela barraca, e nessa maré a tarde foi passando.
Lá pelas quatro voltamos, voltamos andando, promessa minha para queimar as calorias ingeridas, o sol ainda nos acompanhava, mas os versos ditos alto pela rua nos faziam esquecer. Contávamos também algumas pedras dos desenhos do calçamento e falávamos do passado, demoramos uma hora numa caminhada de não mais que vinte minutos. Meus pés já reclamavam, reclamavam em verdade desde a hora que sai de casa.
Chegamos do mar, sentamos e morremos...
Falamos da dieta e da possível bronca da nutricionista, prometi segredo e depois de umas risadas e piadas sem fim olhei o céu, o sol se ia, mas eu ainda sentia calor. Sentia aquela areia chata grudada em meus pés e sentia todo o cansaço, como se o mar me tivesse feito de remo para suas ondas. Voltamos, mas os sorrisos colecionados naquela tarde nos fizeram trazer um pouco daquela imensidão para casa.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

tremas!



Acabaram com o trema...
Eu, quando era criança, imaginava o trema como uma chuvinha em cima do “u”, sempre achei aqueles pontinhos bem simpáticos. Reparava também a proximidade do trema com as palavras desengonçadas e imaginava que assim como as palavras, eram as pessoas: todas as pessoas desengonçadas são dotadas de uma graça , uma leveza que desperta sentimentos bons.
Mas acabaram com o trema, acabaram com a chuvinha que caia dentro do potinho no meio das palavras-estrada...acabaram com toca-fitas, girocópteros e os ursinhos carinhosos...acabaram com mais um vestígio de minha infância.

terça-feira, 21 de abril de 2009

o primeiro dos temas



- Ei, você não vai se casar !
- Vou sim , é claro! Tá tudo pronto.
- Bom, casamento não é para você ...
6 meses depois eram eles que estavam casados.