Sonhei com números - isso me fez lembrar de dona Célia. Ela trabalhou em minha casa quando eu tinha uns 14 anos . Politicamente incorreta ela falava o que pensava, contava sobre seus casamentos, dizia que meus amigos eram feios e que odiava uma blusa que eu tinha. Ela não havia aprendido as regras da boa convivência, definitivamente não suportava nossa vizinhança.
Nunca tive raiva dela. Ela quebrou uma caneca que eu adorava, mas não fiquei com raiva, perdoei dona Célia. Eu gostava de ouvir as sinopses dos filmes contadas por ela, eram sempre mais bem produzidos na língua dela que em Hollywood. Dona Célia também tinha uma coisa interessante: jogava no bicho. Perguntava sempre sobre os meus sonhos e jogava, mas nunca vi dona Célia ganhar. Em uma época fiquei com pena dela, mas depois comecei a entender o verdadeiro motivo de dona Célia jogar, não era por vontade de ganhar, mas a necessidade de apostar em algo , de ter a possibilidade. Dona Célia apostava e sempre ganhava mais uma possibilidade. Naquela época eu gostava de ouvir as coisas que ela lembrava, hoje ela é uma lembrancinha boa, uma verdade que parece lenda, uma dessas coisas que acontece com a gente e parece sonho.
Nunca tive raiva dela. Ela quebrou uma caneca que eu adorava, mas não fiquei com raiva, perdoei dona Célia. Eu gostava de ouvir as sinopses dos filmes contadas por ela, eram sempre mais bem produzidos na língua dela que em Hollywood. Dona Célia também tinha uma coisa interessante: jogava no bicho. Perguntava sempre sobre os meus sonhos e jogava, mas nunca vi dona Célia ganhar. Em uma época fiquei com pena dela, mas depois comecei a entender o verdadeiro motivo de dona Célia jogar, não era por vontade de ganhar, mas a necessidade de apostar em algo , de ter a possibilidade. Dona Célia apostava e sempre ganhava mais uma possibilidade. Naquela época eu gostava de ouvir as coisas que ela lembrava, hoje ela é uma lembrancinha boa, uma verdade que parece lenda, uma dessas coisas que acontece com a gente e parece sonho.