terça-feira, 30 de abril de 2013

Lepus


    Seus olhos riem! Não por conta da contração natural em que o lábio aperta o resto do rosto e aparece protagonista, é um riso epifânico.
  Esse riso dança um balé perfeito com a timidez nublada que aparece em todos os outros risos de seu corpo.
  Vi e minhas palavras perseguiram estas reações, vasculharam meus pensamentos procurando uma fórmula que levasse aquele estágio a um ponto estável, onde não fosse apenas vestígio, onde não fosse apenas uma lebre e seu caçador, onde cada olhar seu fosse indiscutivelmente meu.
  Talvez seja a minha canalhice a responsável por esses detalhes, talvez a dança não tenha sido assim. Talvez você a ame, talvez seja iniquidade descobrir.


Nada pleno


Às vezes eu tenho medo de sua beleza, por isso, às vezes, eu não sou eu. Abandono o mar e parto para a terra instável ao seu redor.

Não coleciono todas as infelicidades espalhadas por ai, essas são muito menores do que imaginam. Tenho o dom de atrair amigos hiperbólicos e de ser um tanto assim.

Toda maça tem casca e semente, ninguém é em seu todo Shangri-La.

Sem mais


Duas folhas amassadas e um guardanapo cheio de formigas fazem parte de meu quarto nesta manhã, um borrão persiste em minha memória, quero esquecer, mas nada de importante aconteceu.
Chove fraco, a natureza poderia se impor, igual a mim. Há um marasmo geral, dentro e fora.
Aquele sentimento de umidade, os dias nublados desencorajam mais que um verão escaldante.
Medo de por casaco e o sol aparecer, causaria desconforto.
No mais não há nada, ou melhor, apenas espero que entardeça, um ou dois trovões... Quem sabe?