O galho na janela não me deixa dormir, o galho e suas folhas verdes. Aquele viço, aquela força batendo como quem falasse: olha pra mim, veja como sou.
Empurro, todas as noites, a cabeça com força no travesseiro, tento parar de respirar e acabar com a agonia, mas ele, alimentando-se de meu desespero, bate mais e mais forte na janela.
Não me magoa sua natureza, me diminui e irrita.
Não tenho raízes, não tenho sementes, só carne e um fraco tronco.
Vou colocar a chuva em um cofre. A chuva é uma bela moça e não merece ser apresentada em horas inadequadas. Guardarei a chuva pra manhã de um poeta, pra um louco apaixonado... a chuva não merece a inconveniência de passeios com guarda-chuva ou de um trabalho na segunda-feira. Não compare a chuva com o sol nos fins de semana, não arqueie a chuva com o peso de seu atraso. Escute a beleza.