Quis trocar todos os moveis de lugar, cada sofá, mesa, tudo para esquecer os movimentos, tudo pra dificultar o balé que ainda existia tatuado nos caminhos da casa.
Aos poucos fui puxando para outras paredes os quadros, arrancando dos pregos aquelas lembranças concretas. Tirei as cadeiras, rodei as caixas de som, recolhi o móbile, desfiz o “l” dos sofás e, depois de toda aquela ciranda, notei como era inútil a minha tentativa.
Minha casa já estava acostumada a aquela presença, estava tudo em estado de espera, não queria mudar, não estava mudado, mas pausado. Por si só a casa voltou a arrumação original, foi empurrando lentamente cada coisa e voltando ao que era, reconstruiu cada espaço , cada lembrança e gritou que não era escolha.
Refiz cada combinação de passos, percorri cada caminho outra vez e eu era como mais um objeto naquela decoração. Como se possuísse um imã, a casa comandava meus pés e os fazia desbravar de novo cada cantinho, cada passado.
A casa me lembrava de coisas que já nem sabia, bradava com rangidos a verdade empoeirada , empurrava minhas costas pelos pregos para que eu não esquecesse que era ali, que as coisas não podiam sair do lugar, que eu não podia tirar as marcas do chão, que a madeira carcomida era minha, e eram as fendas de minha testa que estavam naquelas veias.
Recolhi minha tentativa entre meus braços e meus joelhos. Olhei em cada direção e estava riscado em todos os vãos que havia apenas aquilo: a espera.
Hoje acordei mais sombra , dentro de uma casa que não se despede e não muda, permanece suspensa em uma arrumação ainda não totalmente gasta.
Minha casa já estava acostumada a aquela presença, estava tudo em estado de espera, não queria mudar, não estava mudado, mas pausado. Por si só a casa voltou a arrumação original, foi empurrando lentamente cada coisa e voltando ao que era, reconstruiu cada espaço , cada lembrança e gritou que não era escolha.
Refiz cada combinação de passos, percorri cada caminho outra vez e eu era como mais um objeto naquela decoração. Como se possuísse um imã, a casa comandava meus pés e os fazia desbravar de novo cada cantinho, cada passado.
A casa me lembrava de coisas que já nem sabia, bradava com rangidos a verdade empoeirada , empurrava minhas costas pelos pregos para que eu não esquecesse que era ali, que as coisas não podiam sair do lugar, que eu não podia tirar as marcas do chão, que a madeira carcomida era minha, e eram as fendas de minha testa que estavam naquelas veias.
Recolhi minha tentativa entre meus braços e meus joelhos. Olhei em cada direção e estava riscado em todos os vãos que havia apenas aquilo: a espera.
Hoje acordei mais sombra , dentro de uma casa que não se despede e não muda, permanece suspensa em uma arrumação ainda não totalmente gasta.
Um comentário:
Linda, tocante, apaixonante... Minha menina, NUNCA PARE DE ESCREVER.
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