quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

infusão


Da vez que eu te abandonei a primeira vez eu corri três esquinas. Arrependi-me por não ter dito que estava saindo para uma coisa mais rápida e ter te causado um desespero.
Da segunda vez eu esqueci meu corpo e fui embora,bati a porta com força e fui.Descrevi minha angustia na mesa empoeirada e foi só. Fiquei uma semana fora de mim. Voltei da guerra e você ainda não havia se desesperado, ficou falando da multa que pagaríamos na locadora.
Cai no sofá como uma pedra, coloquei os pés sobre uma cadeira, quis gritar com a sua inércia, mas tive medo de assustar meu corpo que tinha ficado por lá e não sabia muito sobre minha raiva.
Da terceira vez eu não sai da casa, resolvi me perder por lá, esquecer-me por lá, procurei passagem secreta para me esconder, um alçapão, mas não tínhamos nada disso, de qualquer forma eu não queria sair de casa, queria tentar provocar seu desespero por ali, andar pelas ruas não estava surtindo efeito. Deitei, fui para debaixo do cobertor mais grosso que tínhamos, procurei o lugar mais escondido na cama e você disse dois versos da Espanca e me ofereceu um chá.

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